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Domingo, 17 de Setembro de 2006
A FARTURA E A FOME
Apesar do calor, há na Cidade um ambiente de fim de Verão. É a “rentrée”! Talvez vivida num ambiente mais pelintra do que as anteriores, talvez exibindo um rol de preocupações que ensombram os vários futuros – o do mundo, o do País, o de cada um de nós –, todos eles de tal modo interligados que dificilmente conseguimos deslindar a meada em que se perdem as prospectivas. O mundo, que na mais tenra infância nos foi apresentado como um globo – “o globo terrestre” – tomou consciência do seu conteúdo formal e assumiu a sua vocação globalizante. E nós nele. Conformados aldeões da “aldeia global” com que McLhuan nos confrontou, celebramos e sofremos todos os acontecimentos que ora nos deslumbram – capacidade que, apesar dos esforços, a “aldeia” tem vindo a perder...-, ora nos assustam, desorientam e confundem. Sentimentos inúteis já que, apesar da tendência para a democratização global, tudo depende dos “regedores” e grande parte dos factos não passam de reposições de acontecimentos que se perderam no Tempo num número infindável de versões. E, como o tempo não para, recebemos tanta informação em “tempo real” que impossível se torna armazená-la nas nossas pobres cabeças. Conhecemos muito, sabemos pouco, e esquecemos quase tudo! Para que nem tudo se perca, e a recuperação se torne fácil, existem – felizmente! – o Google e outros motores de busca. De entre o muito que, subrepticiamente, o global e eficiente sistema de “marketing” que de nós se serve conseguiu uniformizar – tirando partido das tais tecnologias... – e que vai desde o paladar às formas de vestir e de falar, passando por tudo o que, consensualmente, se decidiu apelar de “criatividade” , destacam-se as “ideias”. Ideias que, como lhes cabe, englobam conceitos políticos, religiosos, éticos e estéticos, portadores de uma enorme complexidade para aqueles que não têm meios ou vontade que lhes permitam aperceberem-se da aura de determinismo que, pretensamente, envolve os ditos conceitos ou, simplesmente, renegam essa aura determinística. Mesmo os próprios “in”, não podem por vezes furtar-se a uma certa perplexidade quando se dão ao trabalho de reflectir sobre alguma infíma parcela das preocupações globais. No meio de guerras, furacões, pestes, revoluções, actos terroristas e ameaças que todos os dias e a todas a horas chegam ao nosso conhecimento, existem temas recorrentes que se vão insinuando e tomam conta dos nossos dias. Um deles é a obesidade! A obesidade é sem dúvida – analisando percentualmente o tratamento do tema em tudo quanto é comunicação social – uma das grandes preocupações da área já globalizada do globo. Raro é o diário ou semanário que não lhe dedica um espaço, e das bancas de jornais assaltam-nos dezenas de revistas, especializadas ou não no tema, que, em várias línguas, nos chamam a atenção para os horrores decorrentes da obesidade. As televisões entrevistam incansavelmente profissionais da saúde e da estética, nos ginásios multiplicam –se os aparelhos, as farmácias exibem nas montras e prateleiras uma variedade imensa de chás, cápsulas, xaropes e unguentos destinados a exterminar o flagelo. E mesmo agora, com a época balnear a chegar ao fim e grande parte do investimento laboratorial ainda por consumir, a obesidade surge assumindo um cariz mais sério: uma considerável percentagem de doenças resultam do excesso de peso o que, consequentemente, sobrecarrega os serviços de Saúde e faz com que o Estado se comece a interessar pelo nosso peso. É mesmo natural que os gordos sejam sujeitos a um imposto adicional. Uma parte considerável da “alegre” e sobrenutrida sociedade do “primeiro” mundo está a contas com o grave problema de um determinado tipo de fartura. Come demais e, ao que consta, “mal”. Come “pizzas”, “hamburgers”, fritos, folhados, e uma série de outros inocentes e globais petiscos que a empanturram em farinhas escorrendo gorduras, quando o que devia comer era produtos da horta, carnes e peixes grelhados, e evitar qualquer daquelas coisinhas açucaradas que nos adoçam os dias amargos. Até onde me lembro, sempre a humanidade foi constituida por gordos e magros. Havia o Gary Grant e o Charles Laughton, o duque de Windsor e o Aga Khan – para quem ser gordo era um dos sustentáculos das sua fortuna...- o Vasco Santana e o Ribeirinho, e uma série de mulheres rechonchudas que dividiam com as magras a admiração do sexo oposto. E havia, obviamente, os “dandys” e as “elegantes” para quem mostrar-se em forma era um modo de vida. Quanto ao comum dos mortais, poucos seriam os que se angustiavam com os quilitos a mais. E havia quem ultrapassasse os noventa (quilos e anos...) recamado de obesidades alimentadas de petiscos regionais mais ou menos requintados, conforme os lugares e as posses... Hoje, ser gordo é, mais do que alguma vez foi, um estigma social. Mesmo que se seja só um bocadinho gordo. O facto é que um limite foi ultrapassado o que, para “a sociedade”, é sintoma de um desleixo imperdoável. Enquanto isto, do outro lado do mundo há populações atormentadas e dizimadas pela FOME! O mesmo ecrã televisivo que nos alerta para os perigos dos excessos, mostra-nos no minuto seguinte gentes mirradas pela fome em vários lugares deste nosso incrível mundo! Gente que não tem hipóteses de publicitar as suas fomes porque, em muitos casos, nem sequer sabem que são “manchete” para os “media” dos países ricos, gente que, felizmente para nós, não tem acesso ao muito que se escreve e fala sobre esta enorme preocupação de fartura que nos assola! E aqueles de entre eles a quem chega notícia da existência deste mundo “gordo” tudo arriscam para minorar a fome deles aliviando-nos duma fartura que tanto nos prejudica. Entram-nos esfomeados pelas fronteiras dentro das quais guardamos ciosamente o que para eles é sobrevivência e para nós chega a ser suicidio. Crazy world!
publicado por petitprince às 17:31
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